segunda-feira, 23 de março de 2009

Quase Demolidor

O super-herói Demolidor, personagem Marvel, nos chama a atenção por ser cego. Quando criança ele sofreu um acidente com produtos químicos que lhe tirou a visão e ampliou a percepção dos outros sentidos para um patamar sobre-humano. Segundo estudos do Centro de Pesquisas em Neuropsicologia e Cognição da Universidade de Montreal, isso não é tão surreal. O psicólogo Pascal Belin, autor principal do estudo, explica que no nascimento os centros da visão e dos outros sentidos estão conectados e, até um tempo limite de desenvolvimento, o cérebro se adapta às adversidades, ou seja, quando da deficiência da visão, o córtex visual pode ser usado para processar informações dos outros sentidos. Quando alguém adquire a cegueira depois deste tempo limite (aproximadamente dois anos de idade) há o aprimoramento dos outros sentidos, ou seja, ao ter que suprir a falta de um deles, os cegos se concentram mais nos outros. É o que afirma Gonzalo, professor de enologia da Universidade De La Rioja na Espanha, co-autor de um projeto da Universidade que usa cegos para melhorar a qualidade do vinho. Segundo o professor, os deficientes visuais conseguem detectar problemas de aroma e paladar mais cedo do que os processadores convencionais, permitindo que as imperfeições sejam corrigidas antes e melhorando o resultado final. Os pesquisadores também descobriram que as mulheres têm mais facilidade para as análises dos vinhos, devido ao olfato mais aguçado, principalmente nos períodos de ovulação e durante a gravidez. A polícia Belga tem seis detetives cegos que combatem o terrorismo, um deles, Sacha van Loo, conta que a cegueira o forçou a desenvolver os outros sentidos. Sua audição é tão aguçada que, quando a polícia escuta um suspeito de terrorismo fazendo uma ligação, van Loo distingue os números pelo som das teclas, sabe se a ação é em um aeroporto ou restaurante e até a nacionalidade do suspeito pelo seu sotaque, já que o detetive também é tradutor habilitado em sete idiomas.
A ecolocalização é a capacidade de muitas espécies de morcegos de sair à noite em lugares com muitos obstáculos, como se fosse dia. Eles emitem um som e esperam o eco retornar para mapear tridimensionalmente o local no qual estão, para saber qual a distância e direção de seus obstáculos. Poucos humanos são capazes de utilizar a ecolocalização, um deles chama-se Ben Underwood, um garoto cego que, devido a um câncer, teve que remover os olhos cirurgicamente aos três anos de idade. Ben programa um aparelho para fazer um ‘clique’ que ecoa através dos objetos à sua volta, ele consegue ouvir os ecos e calcular mentalmente a distância dos objetos. Ele desenvolveu a ecolocalização depois da remoção dos olhos, hoje usa próteses oculares e tem uma vida normal, pode até andar de bicicleta, correr e jogar basquete.


Pessoas Extraordinárias - O garoto que vê sem os olhos
http://www.youtube.com/watch?v=qLziFMF4DHA